TRAÇOS PARA UMA ETNOBOTÂNICA ÍNTIMA - Série Afetos
Os registros gráficos aqui reunidos não acompanham o fazer artístico, eles o contêm. Cada página é resultado de observação ativa e pesquisa técnica, onde o desenho atua como ferramenta de aproximação intima com o vegetal.
Anotações botânicas, texturas e proporções surgem por meio de linhas vacilantes, sobreposições e ruídos, como a própria natureza. Não há excesso de ordem uma vez que o caderno não busca controle ou resultado, ele observa, propõe, especula. E o traço, por sua vez, investiga possíveis relações entre forma e função, entre planta e espaço, entre gesto e matéria.
Esses desenhos revelam uma construção de vínculo e vão além de um mero registro. As escolhas carregam a intenção de elaborar convivências possíveis. Ao tornarem-se visíveis, não anunciam a obra: são a própria continuidade do pensamento, em seu estado mais poroso e atento.​​​
Serie afetos

Algumas plantas me acompanham há anos. Estiveram comigo em mudanças, floriram fora de hora, secaram e voltaram. Por vezes as esqueci, realizei podas, troquei de vaso, observei seus hábitos até reconhecê-los como os meus.O desenho esboça convivência.
Esse caderno é um arquivo de relações botânicas que escapam ao gênero paisagístico ou científico. Uma etnobotânica pessoal, onde o gesto de traçar se confunde com o de cuidar. Cada folha guarda uma história compartilhada e um aprendizado silencioso, um tempo fora da lógica da produtividade.

Se trata de reconhecer presença mais do que catalogar espécies. Entre o grafite e a seiva, o caderno esboça vínculos; e talvez, com eles, uma outra forma de estar.

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